A primeira delas é a certeza de que você pode ficar triste a qualquer momento. Que nem os ciclos daquele tal de Kondratieff: a prosperidade, ao alcançar o auge, declina, e gera a depressão, seguida de um longo processo de recuperação aguardando uma nova e melhor prosperidade. Mas quase ninguém pensa nessa consequência, e acho isso bom. É que nem você descobrir que tem Aids. Então, vamos pular isso.
A segunda consequência é que você abandona totalmente o seu lado poético melancólico criativo, aquele autor de todos os seus textos e poemas dignos de serem lidos, gerados pelos sentimentos mais devastadores que um dia você criou. Ao abandonar esses sentimentos, você abandona a necessidade de desabafar. E adeus, postagens antigas, geralmente - quase sempre - as melhores que você já escreveu na vida.
A terceira é que você se dá conta de que você disperdiçou quase metade da sua vida chorando por algo que agora é MUITO idiota, mas que na época você jurava que era MUITO importante, chegando a declarar que ninguém te entendia e nem queria entender. É, não mesmo. E você continuava idiota o bastante pra continuar nessa, esperando que alguém te desse colo do nada. Pois é, olá parte humilhante. Se você se cortava, pior. Seus pensamentos cicatrizam e ninguém pode enxergá-los além de você, mas ter aquela evidência de idiotice mental clara no seu pulso? Ora, faça-me o favor.
E a quarta... é que você fica bem tosco. É, bem tosco, gritando que a vida é bela, sorrindo pra todo mundo, e invejado por aqueles que vivem como você vivia antes. E você os chama de idiotas, ou se for menos cruel sente "pena" deles. Do nada, percebe que você está usando uma blusa cor de rosa. Estranho, mas parece tão normal!
A quinta é que todo mundo sempre tenta arruinar sua felicidade, de uma forma ou de outra. E você nem percebe, porque está no efeito bobo alegre. Por que será que nas novelas os mocinhos sempre são os idiotas e os espertos sempre são os vilões? A felicidade te deixa burro, meu caro. E você só vai conseguir acabar com os vilões quando se ver arruinado de novo, e tenta alcançar a felicidade. De novo.
A sexta é que a felicidade me fez abandonar este blog.
Adeusinho, internautas.