quarta-feira, 21 de julho de 2010

Legião Urbana

Arrumando um armário ignorado na minha escrivaninha, encontrei um CD que não ouvia faz muitos anos, cuja existência já havia deixado minha memória. Eu deveria me envergonhar de esquecer de um CD desses: Um duplo do Legião - Como É Que Se Diz Eu Te Amo - Platéia Livre. Um show feito no Rio de Janeiro, dias 8 e 9 de outubro de 1994 às 22h30. HAUHAUAH
Coloquei no som, voltei aos meus afazeres.
Mas confesso que, desde que me vi e senti completamente (e paradoxalmente) sozinha e abandonada, as músicas de Renato Russo foram com as quais eu mais me identifiquei e mais cantei em voz alta para espantar essa dor terrível que, até então, nunca havia sentido, nem imaginado que seria tão insuportável assim. Portanto, abandonei meus afazeres e comecei a cantar, gritando. Andrea Doria, Daniel na Cova dos Leões, La Nuova Gioventú, Monte Castelo, entre muitas, muitas outras em um total de 27 músicas.
Antes de tocar Vento no Litoral, uma das minhas favoritas de todos os tempos, ele perguntou ao público quem já tinha sofrido por amor. Ouve-se gritos (eu levantei a mão). "Isso tudo já se apaixonou de verdade??", perguntou em seguida. Novamente, gritos. Então, ele diz o que acabou de se tornar minha nova filosofia de vida: "Eu sempre faço essa pergunta, porque... EU NÃO ACREDITO NISSO. Eu cheguei à conclusão que se o amor é verdadeiro, não existe sofrimento". Como sempre, disse tudo. E em seguida... Vento no Litoral.
Nossa, como essa música é boa.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Old Anna

Sinto uma nostalgia esquisita, como se eu já tivesse uns 34 anos, sentindo falta daquilo que ainda não vivi e me arrependendo daquilo que eu ainda não cheguei a (não) fazer. Odeio quando meu marido deixa a cueca jogada no chão, meu hobby favorito é comer chocolate vendo TV e já estou histérica com as notas baixas do meu filho. Minha principal preocupação (agora, com 34 anos) é chegar aos 50 sem antes ter realizado a maioria dos meus objetivos de vida, como viajar o mundo, ganhar R$ 30.000 por mês, emagrecer 20 quilos, aprender a falar francês e descobrir o segredo para eliminar as rugas e estrias da gravidez. Eu olho algumas fotos dos tempos de colegial e faculdade, sinto falta de alguns bons amigos e me pergunto porque perdemos contato; depois penso na minha carreira e minha família, e acho que dou de ombros ao mesmo tempo que forço a saída de uma lágrima, talvez só para imaginar como ficaria a cena da mulher bem sucedida com mágoas do passado. Depois vou limpar a mesinha da sala porque alguém deixou uma meia suja jogada em cima da planta que esqueci de regar, deixando cair algumas pétalas mortas no paninho branco com rendinhas. Dou uma bronca no cachorro que pegou meu único sapato bom de bico fino, que na verdade eu nunca usei esperando uma ocasião especial. Da mesma forma que nunca usei aquela lingerie vermelha que comprei pensando em um e agora estou com outro, também pelo motivo da ocasião especial. Gostaria de dar um jantar para meus colegas da agência, mas não consigo escolher a receita perfeita, então sempre fico adiando. Minha filha de 7 anos ouve Gatinhas do Funk no último volume, e eu penso "por que, meu Deus?". Um idiota bateu no meu carro na terça e estou indo trabalhar de ônibus, e noto que infelizmente está a mesma m*rda do que era 16 anos atrás. Chego em casa depois de um longo dia de trabalho, tenho que preparar o jantar, passar a roupa, mandar alguém lavar a louça, porque a empregada ganhou na loteria e se demitiu, ainda não tive tempo de contratar outra. Vou tomar banho, mas esqueci a toalha, isso me deixa brava e acabo tacando o sabonete no espelho. Maravilha, mais 7 anos de azar. Vou dormir, e acordar no dia seguinte para fazer sempre sempre sempre a mesma coisa.
Pensar nisso me deixa muito mais motivada pra viver o presente, odiar gratificantemente o passado e temer o futuro.
=/

terça-feira, 13 de julho de 2010

Azar no amor...

O que está havendo? Desde que o ano começou eu testemunhei (inclusive tive a chance de experimentar um) o fim de 10, nada mais, nada menos, 10 relacionamentos, alguns até que você jurava que os dois iriam casar e viver felizes para sempre.
Se tem alguma coisa que podemos aproveitar disso... é a nossa maior chance de ganhar uma grana preta na loteria.

domingo, 11 de julho de 2010

(...)

Estava agora mesmo assistindo o programa 'Pânico' com meu irmão. Não gosto desse programa, mas só estava assistindo por assistir, sei lá. E estava tudo bem, tudo mesmo. Mas duvido que alguém tenha reparado além de mim, duvido que alguém tenha prestado atenção na música que tocou enquando Dunga e Maradona entravam no octódromo. Só um pequeno fragmento da música já foi o suficiente para acabar com a minha noite.
Nunca achei o banco do carro confortável. Na verdade, o carro em si passava uma imagem meio desequilibrada, mas dava pro gasto. Lembro inclusive de algumas ruas, até alguns faróis em particular, aqueles que piscavam umas luzinhas para sabermos que iria ficar verde daqui a pouco, e daquelas árvores que tinham na avenida, adoro árvores. Tinha um buffet perto do shopping, achava ele bonitinho, mas nunca lembrava o nome. Eu costumava ajudar a encontrar uma vaga, a estacionar o carro - lógico, não atrapalhar também é ajudar, certo? - e morria de medo de bater aquela porta enorme no carro ao lado. Mas o mais legal era o orgulho que eu sentia de apenas estar ali, passeando de carro, com ele. Na minha mente, predomina o silêncio das conversas, eu não queria distraí-lo ou deixá-lo nervoso, havia tirado carta a pouco tempo. E eu me 'achava' pra caramba naquele carrinho; não dispensava os óculos escuros e os cabelos ao vento, de vez em quando analisando sua fisionomia séria ao volante. E sempre ouvindo o mesmo CD, as mesmas músicas, eu sempre arrumava direito quando algum buraco na estrada fazia o CD pular. É esse o problema em encontrar seu prazer e felicidade nas coisas mais simples da vida. Qualquer gesto, qualquer palavra, qualquer olhar, pode significar muito. Apenas o fato de eu estar no carro já significava muito. E quando você se dá conta que nem essas pequenas coisas você poderá ter novamente (nunca do jeito que você quer), tudo só piora, e vira mais um desabafo. O poder da música é forte demais, te transporta quase que instantaneamente para seu estado de espírito mais (in)conveniente, dependendo da situação.
Chorar o fim de um bom relacionamento, para mim, é como chorar a morte de alguém. E não estou exagerando.
"Woah, Christian's Inferno
Woah, Christian's Inferno..."

Quando quero

Consegui um emprego melhor. Passei no vestibular. Emagreci. Fiz as pazes com meu cabelo. Estou, como dizem, feliz. Afinal, mesmo sem essas coisas, por que não estaria? Não é assim que deve ser, sempre buscar a felicidade acima de tudo? Ninguém quer saber dos problemas de ninguém, e estou começando a não querer saber dos meus também. Não tem uma boa razão para estragar felicidades verdadeiras com seus pensamentos egoístas. Se não estiver feliz, finja que está.
Meu futuro tão sonhado finalmente deu sinal de que não está mais tão distante. Deve ter sido essa a troca pelo meu adorado passado, que ainda não tive coragem de largar. Não dá simplesmente para mesclar os dois, seria ou um ou outro, sem que eu pudesse opinar. Todos sabem muito bem o que eu escolheria, mas já se foi, já está perdido, não adianta eu insistir nessa dolorosa procura por recuperar o que nunca foi meu.

Eu só queria que você tivesse ficado um pouco mais para comemorar comigo minhas vitórias. Então acho que está tudo bem se eu fingir que está tudo bem. Né?